A equidade de género poderia aumentar o PIB em mais de 20% na próxima década
março 05, 2025
- O Parlamento Europeu reduziu a representação feminina em 2024, registando uma queda de um ponto percentual para 39%, evidenciando a necessidade de continuar a promover políticas de equidade de género.
- A nível global, as mulheres ocupam apenas 26% dos assentos parlamentares e 23% dos cargos do ministério, e em mais de 40% dos países ainda enfrentam barreiras legais para a sua plena participação política.
- Portugal está acima da média global e europeia em representação feminina, com 33% de mulheres entre os membros do Governo e um elevado índice de igualdade legal de género, demonstrando um ambiente jurídico favorável à participação das mulheres na economia e na política.
- Atualmente, as mulheres ganham, em média, apenas 80% do rendimento dos homens e têm menos de dois terços dos direitos legais que lhes são reconhecidos.
Lisboa, 6 de março de 2025 – No âmbito do Dia Internacional da Mulher, a Oliver Wyman publica o relatório “Representation Matters”, em colaboração com o Banco Mundial e a Women Political Leaders, no qual analisa o impacto da representação feminina na política e a sua relação com o desenvolvimento económico. O estudo conclui que o PIB global poderia crescer mais de 20% na próxima década se as mulheres tivessem as mesmas oportunidades económicas e políticas que os homens. Portugal apresenta 33% de representação política feminina em cargos do Governo, um valor acima da média global e europeia.
A participação das mulheres na política é um fator determinante para o crescimento económico e a redução da desigualdade. No entanto, apesar de representarem metade da população mundial, continuam a enfrentar múltiplas barreiras para aceder a posições de liderança na política e na economia. Atualmente, as mulheres ganham, em média, apenas 80% do rendimento dos homens e têm menos de dois terços dos direitos legais que lhes são atribuídos. O seu acesso ao mercado de trabalho continua a ser limitado e, em muitos países, os avanços na equidade de género registaram retrocessos.
O estudo conclui que a equidade de género na política não é apenas uma questão de justiça social, mas também uma estratégia essencial para o crescimento económico global. Em Portugal, além da representação política feminina, o país apresenta-se como um exemplo no índice de equidade de género política, apresentando uma pontuação de 93/100, o que supera a média europeia de 82/100.
O estado atual da representação política feminina
Portugal apresenta níveis de representação feminina superiores à média global e europeia contando atualmente com 36% de deputadas na Assembleia da República e com 33% de ministras no Governo. A relação entre crescimento económico e equidade de género é clara. No entanto, o Parlamento Europeu registou uma ligeira diminuição na representação feminina, passando de 40% para 39% após as eleições de 2024.
A nível global, as mulheres continuam significativamente sub-representadas na política: apenas 26% dos assentos parlamentares são ocupados por mulheres e, nos cargos do ministério, a representação feminina situa-se nos 23%. A disparidade é ainda mais evidente na liderança governamental, onde apenas 27 dos 193 países do mundo são liderados por uma mulher, sendo que, em apenas 15 destes países, elas detêm poder real de decisão. Se o ritmo atual de progresso se mantiver, serão necessários mais de 40 anos para alcançar a paridade política a nível global.

Existem, no entanto, países que alcançaram progressos significativos na representação feminina. México, Ruanda, Cuba, Nicarágua, Andorra e Emirados Árabes Unidos atingiram a paridade nos seus parlamentos. No que diz respeito aos governos, Austrália, Bolívia, Canadá, México e Zimbabué conseguiram um equilíbrio de género entre os membros do Governo.
O México marcou um momento histórico em 2024 com a eleição de Claudia Sheinbaum como a sua primeira presidente, um marco significativo num país onde a política tem sido tradicionalmente dominada por homens. No entanto, nem todos os países seguiram esta tendência: em nações como Índia, Paquistão e França, a representação feminina nos parlamentos diminuiu entre um e quatro pontos percentuais em 2024.
As barreiras à participação das mulheres na política
O relatório identifica vários fatores que dificultam o avanço das mulheres na política. A falta de igualdade de oportunidades continua a ser um obstáculo significativo. Historicamente, os sistemas políticos foram concebidos por e para homens, tornando o acesso das mulheres a estes espaços mais difícil. Em 1974, as mulheres ocupavam menos de 7% dos assentos legislativos; embora essa percentagem tenha aumentado, as estruturas políticas continuam a favorecer os homens.
Outro fator crítico é a ausência de proteções legais adequadas. Em muitos países, as mulheres continuam a enfrentar discriminação legal e cultural, que limita a sua participação no governo. Apenas 55% dos países possuem leis contra a violência doméstica e menos de metade oferece apoio financeiro para cuidados infantis, um elemento essencial para permitir que mais mulheres possam trabalhar e participar ativamente na política. Além disso, 49% da população mundial ainda acredita que os homens são líderes políticos mais competentes do que as mulheres, reforçando preconceitos e dificultando o acesso das mulheres a cargos de liderança.
A violência política e o assédio também representam barreiras significativas. Na Europa, 85% das parlamentares inquiridas afirmaram ter recebido ameaças ou sido vítimas de ataques nas redes sociais. Um estudo realizado na Costa do Marfim, Honduras, Tanzânia e Tunísia revelou que 55% das mulheres em cargos políticos sofreram violência psicológica, económica ou sexual. Este ambiente hostil desencoraja muitas mulheres de se candidatarem a cargos públicos ou de permanecerem na política.
Soluções para alcançar a equidade política
Para reduzir estas disparidades, o relatório recomenda várias estratégias. Em primeiro lugar, sugere a implementação de quotas de género nos parlamentos e partidos políticos, acompanhadas de incentivos e sanções para garantir o seu cumprimento. Também defende a adoção de legislação contra o assédio e a violência política de género, bem como a criação de programas de financiamento que facilitem a participação das mulheres na política.
No âmbito legal e económico, destaca-se a necessidade de reformar leis discriminatórias e eliminar barreiras regulatórias que dificultam o acesso das mulheres ao mercado de trabalho. Isto inclui a garantia da igualdade salarial, o fortalecimento dos direitos de maternidade e paternidade e o aumento do investimento em serviços de apoio à infância acessíveis.
O relatório também sublinha o papel do setor privado na promoção da equidade de género. Recomenda-se que as empresas adotem políticas internas de igualdade, assegurando a paridade nos conselhos de administração e nos cargos executivos de topo. Além disso, sugere-se que o financiamento político esteja condicionado ao compromisso dos partidos em promover a equidade de género.
Apesar de Portugal se situar acima da média global na representação política feminina e ter um elevado índice de igualdade legal de género, os dados do relatório demonstram que a igualdade real vai além dos números e exige mudanças legislativas, sociais e económicas profundas. Na Europa, com o Parlamento que registou uma redução na percentagem de mulheres em 2024, a tendência evidencia que os avanços não são garantidos e que qualquer progresso deve ser sustentado por políticas ativas.
O relatório “Representation Matters” sublinha que garantir a representação feminina nos processos de tomada de decisão é essencial para um desenvolvimento sustentável e para uma economia global mais forte. Assegurar que as mulheres tenham um lugar à mesa das decisões é um passo fundamental para construir sociedades mais justas e equitativas.
Para aceder ao relatório completo, clique aqui.
Sobre a Oliver Wyman
A Oliver Wyman, empresa da Marsh McLennan (NYSE: MMC), é uma consultora de gestão que combina um profundo conhecimento da indústria com uma expertise especializada para ajudar os clientes a otimizar os seus negócios, melhorar operações e acelerar o desempenho. A Marsh McLennan é líder global em risco, estratégia e pessoas, aconselhando clientes em 130 países através de quatro negócios: Marsh, Guy Carpenter, Mercer e Oliver Wyman. Com uma receita anual de 23 mil milhões de dólares e mais de 85.000 colaboradores, a Marsh McLennan ajuda a construir a confiança para prosperar através do poder da perspetiva. Para mais informações, visite oliverwyman.com ou siga no LinkedIn e X.