Portugal avança no Índice de Transição Verde subindo para a 15ª posição, ultrapassando a Espanha e estando acima da média Europeia
fevereiro 05, 2025
- O relatório analisa os avanços em sustentabilidade de 29 países europeus em sete categorias-chave: Economia, Natureza, Indústria Transformadora, Energia, Transportes, Edifícios e Resíduos.
- Segundo a nova edição do índice, Portugal avança três posições em relação a 2022, subindo para a 15ª posição e ultrapassando a Espanha, estando agora acima da média Europeia.
- As categorias de Economia, Natureza e Edifícios destacam-se pela melhoria significativa, enquanto as categorias Transportes e Resíduos permanecem na metade inferior do ranking, apresentando um desempenho negativo.
- A Dinamarca lidera a classificação geral, seguida pela Áustria e pela Suécia. A nível sub-regional, a Escandinávia teve o melhor desempenho, seguida pela Europa Ocidental, os Países Bálticos, a Europa de Leste e a Europa do Sul.
Lisboa, 5 de fevereiro de 2025 - Portugal subiu três posições e agora ocupa o 15º lugar no Índice de Transição Verde (Green Transition Index - GTI), acima da média Europeia. Este índice é uma análise detalhada desenvolvida pela consultora Oliver Wyman sobre o progresso em sustentabilidade e redução de emissões de carbono em 29 países europeus. Esta é uma das principais conclusões da segunda edição do estudo, que avalia o nível de progresso em sustentabilidade e redução de emissões por meio de 28 indicadores-chave, organizados em sete categorias: Economia, Natureza, Indústria Transformadora, Energia, Transportes, Edifícios e Resíduos.
Nesta nova edição, Portugal obteve um maior crescimento em comparação com os outros países europeus, mostrando uma melhoria em várias das categorias avaliadas. Em particular, as categorias de edifícios, natureza e economia obtiveram uma melhoria significativa, destacando Portugal como líder na categoria de edifícios graças ao seu destacado uso de energias renováveis para o aquecimento doméstico. No entanto, o país fica para trás noutras categorias, como a de transportes, seguida pelos resíduos, nos quais também enfrenta desafios importantes.
Portugal sobe três posições, passando a estar pela primeira vez acima da média Europeia

Portugal destaca-se como líder na categoria Edifícios no Green Transition Index (GTI), juntamente com países como a Romênia e Letônia. Este reconhecimento deve-se ao seu notável desempenho no uso de energias renováveis e na eficiência energética em residências. Em particular, ocupa a primeira posição na utilização de energias renováveis para aquecimento doméstico, graças à implementação de biocombustíveis sólidos, como os resíduos de madeira.
Embora Portugal mantenha uma posição de destaque no consumo de eletricidade per capita, ocupando o 9º lugar no ranking, situa-se na 19ª posição em relação ao número de projetos de edifícios com certificações de sustentabilidade. Isto indica que, embora tenha avançado significativamente, ainda há oportunidades para melhorar na adoção de práticas de construção sustentável, consolidando-se como uma referência na transição para um futuro mais verde.
Portugal registou também uma variação positiva na categoria Natureza, subindo 11 posições. Esta evolução justifica-se pela melhoria no indicador de agricultura biológica, que subiu 12 posições, alcançando a 4.ª posição nesta área, com valores significativamente acima da média europeia no que diz respeito à agricultura biológica em relação ao total da área agrícola utilizada. Nos últimos anos, conforme reportado pela Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, Portugal tem aumentado significativamente os prados e pastagens permanentes (agricultura biológica), solidificando assim esta aposta. Por outro lado, a melhoria do índice de exploração da água, no qual Portugal ocupa a 25ª posição, deve-se ao elevado consumo de água no setor agrícola, que representa 75% de toda a água utilizada, um dos percentuais mais altos da Europa.
Na categoria Economia, Portugal melhorou a sua posição na classificação do Green Transition Index (GTI), passando do 15º para o 13º lugar. Este avanço deve-se à significativa redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE), tanto em termos absolutos quanto relativos, superando a média europeia. Além disso, o país conseguiu reduzir a intensidade das emissões de GEE por PIB, equiparando-se à média dos demais países europeus, embora ainda esteja longe dos líderes nesse âmbito.
“No entanto, é importante destacar que Portugal obteve uma diminuição da proporção do gasto público em investigação e desenvolvimento (I&D) com objetivos ambientais, o que reflete um desempenho inferior ao de outros países europeus. Apesar desse desafio, os avanços na redução de emissões e a melhoria de diversos indicadores económicos posicionam Portugal como referência na transição para uma economia mais sustentável”, conclui Joana Freixa, Principal da Oliver Wyman.
A indústria transformadora e os resíduos consolidam a sua tendência negativa
Contrariamente, na categoria Resíduos, Portugal encontra-se nas piores posições do ranking, com resultados negativos nos três indicadores: 25.ª posição em termos de resíduos gerados per capita (19% acima da média); 25.ª posição em termos de taxa de circularidade (muito abaixo dos países líderes, como os Países Baixos, Bélgica, França e Itália). Por fim, no que diz respeito aos resíduos depositados em aterros per capita, Portugal ocupa a 26.ª posição, com números significativamente superiores à média, enquanto os países líderes apresentam valores muito mais baixos. Estes resultados indicam que Portugal enfrenta grandes desafios na gestão de resíduos e na implementação de práticas sustentáveis nesse âmbito.
Na categoria Indústria Transformadora, Portugal desceu no ranking, uma vez que a sua melhoria nos indicadores não foi suficiente em comparação com o avanço de outros países. Embora tenha conseguido reduzir a intensidade das emissões em aproximadamente 30% e diminuído o consumo de energia por valor acrescentado em 18%, ainda está acima da média em ambos os aspetos. Além disso, o seu desempenho na intensidade de resíduos perigosos é superior à média, mas ainda está distante dos padrões dos países líderes. O desempenho nesta categoria depende em grande parte do mix industrial existente, o que afeta a sua posição no ranking.
Na categoria Transportes, Portugal mantém-se na metade inferior da classificação, com resultados abaixo da média. Embora tenha aumentado a percentagem de carros de baixas emissões, esse número ainda está abaixo da média do GTI e muito longe do país líder, Noruega. No entanto, Portugal apresenta resultados melhores que a média em termos de intensidade de emissões no transporte de passageiros, embora continue a ficar atrás no uso do transporte público.
Na categoria de Energia, Portugal caiu no ranking, mas permanece no top 10, destacando-se pelo uso de energias renováveis e biocombustíveis, que estão acima da média. O resultado de Portugal depende do peso das energias renováveis no mix de produção de eletricidade e da dimensão dos projetos em tecnologias de transição energética em relação ao PIB total.
Portugal melhorou em vários aspetos, ocupando o 8.º lugar no peso das energias renováveis e biocombustíveis na produção de eletricidade, o que está acima da média do GTI, embora ainda longe dos países líderes. Também ocupa o 8.º lugar no indicador de projetos de hidrogênio verde, embora fique atrás de países como a Dinamarca.
Situação na Europa: Dinamarca na liderança pelos seus avanços em sustentabilidade ambiental
Esta nova edição do Green Transition Index (GTI) da Oliver Wyman mostra um panorama mais heterogêneo no progresso dos países europeus em direção à sustentabilidade. A Dinamarca lidera o ranking, consolidando-se como o país mais avançado na transição verde graças ao seu forte desempenho no uso de energias renováveis e em tecnologias de descarbonização. Em particular, destaca-se pelas suas iniciativas pioneiras em projetos de hidrogênio verde e armazenamento de carbono.
“As diferenças no progresso em direção à sustentabilidade não refletem apenas o nível de recursos de um país, mas também a efetividade das suas políticas e a sua capacidade de inovação. A Dinamarca, que lidera o ranking, é um claro exemplo de como uma abordagem estratégica e o impulso de tecnologias limpas podem acelerar a transição”, aponta Sofia Marques Cruz, Associate da Oliver Wyman.
Ao analisar os resultados do índice sob uma perspetiva regional, observamos diferenças importantes no grau de avanço dos países europeus. Os países escandinavos continuam a mostrar uma forte liderança, seguidos pela Europa Ocidental, os Estados Bálticos, a Europa Oriental e a Europa Meridional. Nesse contexto, observam-se diferenças significativas no progresso em direção à sustentabilidade entre as regiões europeias e, em muitos casos, dentro delas. A Escandinávia continua a liderar nas categorias de economia e transportes, enquanto a Europa Ocidental se destaca na indústria transformadora e resíduos.
Embora a Europa continue a ser uma referência global em sustentabilidade, enfrenta grandes desafios para cumprir os objetivos do Acordo de Paris. A UE está a seis pontos percentuais de alcançar a sua meta de redução das emissões em 55% até 2030, o que exige um esforço adicional para acelerar a transição energética. A implementação de políticas públicas mais contundentes, juntamente com uma mudança no comportamento de consumidores e indústrias, será fundamental para consolidar economias e sociedades mais sustentáveis. Essa abordagem não apenas ajudará a cumprir os compromissos climáticos, mas também fortalecerá a liderança da Europa na transição verde a nível global.
Sobre a Oliver Wyman
A Oliver Wyman, uma empresa da Marsh McLennan (NYSE: MMC), é consultora de gestão que combina um profundo conhecimento da indústria com uma expertise especializada para ajudar os clientes a otimizar os seus negócios, melhorar operações e acelerar o desempenho. A Marsh McLennan é líder global em risco, estratégia e pessoas, aconselhando clientes em 130 países através de quatro negócios: Marsh, Guy Carpenter, Mercer e Oliver Wyman. Com uma receita anual de 23 mil milhões de dólares e mais de 85.000 colaboradores, a Marsh McLennan ajuda a construir a confiança para prosperar através do poder da perspetiva. Para mais informações, visite oliverwyman.com ou siga no LinkedIn e X.